segunda-feira, 4 de março de 2013

MAMA AFRICA

NOSSA HOMENAGEM
A MIRIAM MAKEBA


           Makeba começou a carreira em grupos vocais nos anos 50, interpretando uma mistura de blues americanos e ritmos tradicionais da África do Sul. No fim da década, apesar de vender bastantes discos no país, recebia muito pouco pelas gravações e nem um cêntimo de royalties, o que lhe despertou a vontade de emigrar para os Estados Unidos a fim de poder viver profissionalmente como cantora.
          O seu momento decisivo aconteceu em 1960, quando participou no documentário antiapartheid Come Back, África, a cuja apresentação compareceu, no Festival de Veneza daquele ano. A recepção que teve na Europa e as condições que enfrentava na África do Sul fizeram com que Miriam resolvesse não regressar ao país, o que causou a anulação do seu passaporte sul-africano.
Foi então para Londres, onde se encontrou com o cantor e ator negro norte-americano Harry Belafonte, no auge do sucesso e prestígio e que seria o responsável pela entrada de Miriam no mercado americano. Através de Belafonte, também um grande ativista pelos direitos civis nos Estados Unidos, Miriam gravou vários discos de grande popularidade naquele país. A sua canção Pata Pata tornou-se um enorme sucesso mundial. Em 1966, os dois ganharam o Prêmio Grammy na categoria de música folk, pelo disco An Evening with Belafonte/Makeba.[1]
               Em 1963, depois de um testemunho veemente sobre as condições dos negros na África do Sul, perante o Comitê das Nações Unidas contra o Apartheid, os seus discos foram banidos do país pelo governo racista; o seu direito de regresso ao lar e a sua nacionalidade sul-africana foram cassados, tornando-se apátrida.
                Os problemas nos Estados Unidos começaram em 1968, quando se casou com o ativista político Stokely Carmichael, um dos idealizadores do chamado Black Power e porta-voz dos Panteras Negras, levando ao cancelamento dos seus contratos de gravação e das suas digressões artísticas. Por este motivo, o casal mudou-se para a Guiné, onde se tornaram amigos do presidente Ahmed Sékou Touré. Nos anos 80, Makeba chegou a servir como delegada da Guiné junto da ONU, que lhe atribuiu o Prêmio da Paz Dag Hammarskjöld. Separada de Carmichael em 1973, continuou a vender discos e a fazer espetáculos em África, América do Sul e Europa.
                Em 1975, participou nas cerimónias da independência de Moçambique, onde lançou a canção "A Luta Continua" (slogan da Frelimo), apreciada até aos nossos dias.
A morte da sua filha única em 1985 levou-a a mudar-se para a Bélgica, onde se estabeleceu. Dois anos depois, voltaria triunfalmente ao mercado norte-americano, participando no disco de Paul Simon Graceland e na digressão que se lhe seguiu.
               Com o fim do apartheid e a revogação das respectivas leis, Miriam Makeba regressou finalmente à sua pátria em 1990, a pedido do presidente Nelson Mandela, que a recebeu pessoalmente à chegada. Na África do Sul, participou em dois filmes de sucesso sobre a época do apartheid e do levantamento de Soweto, ocorrido em 1976.
              Agraciada em 2001 com a Medalha de Ouro da Paz Otto Hahn, outorgada pela Associação da Alemanha nas Nações Unidas "por relevantes serviços pela paz e pelo entendimento mundial", Miriam continuou a fazer shows em todo mundo e anunciou uma digressão de despedida, com dezoito meses de duração.
                Em 9 de novembro de 2008, apresentou-se num concerto a favor de Roberto Saviano, em Castel Volturno (Itália). No palco, sofreu um ataque cardíaco e morreu no hospital na madrugada do dia 10 de novembro.


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DESDE A INFÂNCIA
COMO OS AMERICANOS VÊEM
O MUNDO ( AS NAÇÕES )

UMA AÇÃO ESQUECIDA
AO LONGO DO TEMPO.

            Dizimação significa o assassinato de uma em cada dez pessoas de uma população. Na primavera e no verão de 1994, um programa de massacres dizimou a população da República de Ruanda. Embora os assassinos tenha sido executados com baixa tecnologia - geralmente com facão -, eles se consumaram com vertiginosa rapidez: de uma população original de cerca de 7,5 milhões, pelo menos 800 mil pessoas foram mortas em apenas cem dias. Os mortos de Ruanda se acumularam numa velocidade quase três vezes maior que a dos judeus mortos durante o Holocausto. Foi o mais eficiente assassinato em massa desde os bombardeios atômicos de Hiroshima e Nagasaki.
            Assim inicia o livro "Gostaríamos de informá-lo de que amanhã seremos mortos com nossas famílias" de Philip Gourevitch. O livro é o (excelente!) relato do jornalista norte-americano da dizimação de Ruanda através dos massacres dos tutsis pelos hutus e está recém-lançado pela Companhia das Letras em edição de bolso (custa em torno de R$20, mais barato que uma pizza e uma coca grande).
        Outra obra que apresenta o tema é o (também excelente!) filme Hotel Ruanda. Conta a história verídica de um sobrevivente do genocício na tentativa de poupar o maior número de ruandeses do assassinato no hotel onde trabalhava.
São duas obras impressionantes. Não impressionam tanto pela crueldade ou pela magnitude do massacre. Impressionam muito pela ignorância do resto do mundo. Pela indiferença da ONU, da Igreja, das nações "desenvolvidas".
          Um continente inteiro (muitas vezes confundido com um país por muita gente) é excluído da economia mundial e, portanto, não existe. Com excessão da África do Sul (e seus diamantes) e do Egito (e suas pirâmides), os demais países africanos são desconhecidos pelo capitalismo, merecendo apenas de quando em quando uma ou outra campanha beneficitária.
         Enquanto isso, 1 entre 4 habitantes de Zimbábue são portadores do HIV. Mas quem se importa com isto? Se alguém morre em silêncio, pelo menos não incomoda.

posted by Leandro at 9:08 AM--2006
[  {http://oleandros.blogspot.com.br/2006_09_01_archive.html ]


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