quarta-feira, 2 de abril de 2014

PRIMEIRA ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA EM RECIFE - PE

Foi anunciado na manhã desta quarta-feira (2)
o aporte de recursos para a primeira Escola de Saúde do Recife.


       O Governo Federal, através do Ministério da Saúde, assegurou R$ 7 milhões para a construção da unidade que irá formar e contribuir para a especialização dos profissionais do SUS da capital pernambucana.  A Prefeitura do Recife ainda não definiu qual seria o local apropriado para a construção da escola.

      O convênio, firmado em parceria com o Fundo Municipal do Recife e Caixa Econômica Federal, prevê a construção de salas de aula, auditórios e espaços adequados para simulação do campo de prática. A Escola de Saúde do Recife realizará além de cursos técnicos, ações direcionadas à inserção dos projetos estratégicos da gestão da saúde, tais como a implantação das Redes de Atenção à Saúde.


    O secretário de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Mozart Sales, destaca a importância desse investimento. "Manter os profissionais capacitados e habilitados contribui para a boa qualidade do cuidado à saúde. Sem dúvida, essa é uma grande conquista para o município do Recife”, declarou o secretário.


    Além disso, a tradicional Escola de Saúde Pública de Pernambuco (ESPPE) também receberá incentivo financeiro do Ministério da Saúde. Serão investidos R$ 3 milhões para ampliação e adequação do espaço físico da instituição. Será reformada a cobertura da escola, as salas de aula, tutoria, atividades em grupo, laboratórios, área administrativa, área de convivência, refeitório e sala de professores e sala de alunos.




Fonte: ESPPE

Fotos: Arq.Felixfilmes



AUTISMO - UMA QUESTÃO AZUL, ALÉM DO HORIZONTE

O autismo é fundamentalmente uma forma particular
de se situar no mundo e, portanto,
de se construir uma realidade para si mesmo.



      Associado ou não a causas orgânicas, o autismo é reconhecível pelos sintomas que impedem ou dificultam seriamente o processo de entrada na linguagem para uma criança, a comunicação e o laço social.
    As estereotipias, as ecolalias, a ausência de linguagem, os solilóquios, a auto agressividade, a insensibilidade à dor ou a falta de sensação de perigo, são alguns dos sintomas que mostram o isolamento da criança ou do adulto em relação ao mundo que o rodeia e sua tendência a bastar-se a si mesmo.


QUANDO SE COMEÇOU A FALAR DE AUTISMO?
Com Jean Itard, que em 1801 levou a cabo uma descrição da criança selvagem, passando Eugen Bleuler, que em 1901 o relacionou com a esquizofrenia, até Leo Kanner, que realizou em 1943 o detalhamento minucioso dos itens característicos, e Hans Asperger, que se centrou em um outro tipo de autismo, às vezes chamado de autismo inteligente; os traços característicos das crianças com autismo são em sua grande maioria os mesmos.
QUAIS SÃO SEUS SINTOMAS?
Os principais sintomas são:
- Isolamento do mundo exterior e recusa do contato com os outros. (Tanto no nível da voz quanto no do olhar).
- Alterações da linguagem que podem ir desde uma ausência total da fala até uma verbiagem ininteligível. Em algumas ocasiões, repetição de fragmentos de frases retiradas de filmes ou que foram escutadas de alguém, estabelecendo verdadeiros solilóquios.
- É uma fala que não se dirige a ninguém, que não é usada nem para comunicar nem para estabelecer um diálogo mínimo.
- Ausência de interação com os outros.
- Ausência de jogo simbólico.
- Estereotipias
- Rituais
- Temor das mudanças e insistência em manter uma imobilidade naquilo que o rodeia.

AAGD

ENTÃO, QUE VALOR DAR A ESSES SINTOMAS? O QUE FAZEMOS COM ELES, PARA ALÉM DO SINAL DE ALARME QUE ELES NOS DÃO, PARA NOS PERGUNTARMOS SOBRE O QUE SE PASSA COM ESSAS CRIANÇAS?
        Considerar esses traços como sinais de um retardo no desenvolvimento ou de uma patologia nos levaria a um reducionismo. Nós nos reduziríamos a considerar o autismo como uma deficiência ou como uma doença que implica numa deficiência com graus diferentes. Por isso, muitos tratamentos se reduzem também a programas cujas intenções consistem unicamente em suprir essas supostas deficiências. Tais tratamentos têm como objetivo “ensinar” a criança autista a cumprir os ideais da normalidade. Nesse sentido, não há dúvida de que os métodos cognitivo-comportamentais se inscrevem nessa direção e, provavelmente, são aqueles que mais se dedicaram a alcançar os objetivos de reeducação. Pelo contrário, nós consideramos que a criança com autismo deve ser tratada levando-se em conta seus sintomas para nos perguntarmos o que se passa com ela para que ela se apresente dessa maneira. Que disciplina ou quem se ocupa em compreender a criança com autismo? 
Por que, além disso, aquele que não obedece à normalidade teria necessariamente um déficit? Nós consideramos que não é assim. O autismo é uma forma particular de se situar no mundo e é justamente isso que deve ser considerado para orientar o tratamento clínico adequado.
QUAIS SÃO SUAS CAUSAS?
Na atualidade, as áreas de investigação científica sobre as causas do autismo são fisiológicas. Existem várias hipóteses sobre essas investigações em curso. As principais são: Afecção em áreas do cérebro, disfunções genéticas, consequências dos metais pesados no interior do organismo, intolerâncias alimentares assintomáticas.
Entretanto, não há, até o momento, nenhuma causa determinante nem conclusiva que se derive do conjunto dessas investigações científicas, ainda que muitos recursos se destinem a buscar uma causa genética ou fisiológica. Quer dizer, nenhuma investigação científica pode, até agora, estabelecer a etiologia do autismo.
O posicionamento da psicanálise lacaniana é claro nesse sentido: a pergunta pela causa não explica em quê consiste ser um sujeito com autismo. Tampouco consideramos que os sintomas do autismo sejam a consequência de um déficit que deva ser reeducado, nem a expressão de uma doença. Para a psicanálise lacaniana, a pergunta fundamental visa saber um pouco mais sobre o que implica ser uma pessoa com autismo.


Diagnóstico
Os sinais que nos alertam sobre um possível autismo aparecem muito cedo na vida da criança:
                                        
Ausência de sorriso.
Ausência de balbucios.
Detenção na entrada na linguagem verbal e não verbal.
Tendência ao isolamento.
Evitar o olhar e o contato com os outros.
Proteção do ruído e da palavra das pessoas.
Ausência de demandas.
Repetição de sílabas ou palavras-chave isoladas e fora de contexto.
Repetição de fragmentos escutados em algum lugar.
Ausência de jogo simbólico.
Aparição da angústia em situações aparentemente normais e/ou diante da presença dos outros.
Dificuldade em aceitar as mudanças e o não.
Manipulação estereotipada dos objetos e fixação exclusiva em alguns deles em particular.
Estereotipias e rituais obsessivos.
Pouca expressão de dor.
Alteração do tônus muscular.
Agressão a si mesmo ou a outros.

OBS: ESTE DIAGNÓSTICO DEVE DADO POR ESPECIALISTAS. ATRAVÉS DA CONSULTA MÉDICA NA UNIDADE. OS PAIS E FAMILIARES NÃO DEVEM ROTULAR EM HIPÓTESE ALGUMA QUE QUAISQUER SINTOMAS DESTES POSSAM SER DE AUTISMO. ESTES SINTOMAS GERALMENTE APARECEM A PARTIR DOS 3 ANOS MAS O DIAGNÓSTICO DEVE SER APRESENTADO APÓS 5 ANOS DE OBSERVAÇÃO MULTIDISCIPLINAR.

COMO VIVEM A CRIANÇA OU O ADULTO COM AUTISMO?
COMO SE ORGANIZA A REALIDADE QUE OS RODEIA?
COMO CONVIVEM COM OS OUTROS?

       Conseguir responder a estas preguntas nos aproximará mais da compreensão das pessoas afetadas por autismo e poder, dessa forma, oferecer a elas a possibilidade de conectar nossos dois mundos: o delas e o nosso.
Sabemos que o que caracteriza o ser humano é a dimensão de uma linguagem simbólica (feita de símbolos e não de signos), a partir da qual ele pode estabelecer coordenadas simbólicas que conferem um sentido ao mundo que o rodeia e lhe permitem situar-se nele. Estas coordenadas simbólicas atuam sob a forma de união entre as imagens, as coisas e as palavras.
       Dessa maneira nós, seres humanos, organizamos o mundo exterior, quer dizer, situamos um espaço e um tempo, um interior e um exterior, um antes e um depois. É dessa maneira também que construímos uma ideia de nosso corpo, localizamos seus limites e o diferenciamos daquele dos outros. São também essas coordenadas simbólicas que nos permitem situar a dor, o prazer, o mal estar e a angustia; diferenciar o eu do tu, nossos pensamentos e os dos outros, o que pensamos e o que ouvimos.
       Dessa forma, construímos a realidade que, para o ser humano, nunca está dada de entrada, como o próprio autismo nos ensina. É através do uso das palavras ou de diversos elementos simbólicos (a linguagem dos surdos, por exemplo) que nós acedemos a ter um discurso próprio sobre todas essas coisas, a pensar sobre elas e a falar delas com os outros.




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Fotos:Arq.Felixfilmes