UMA IMAGEM VALE MAIS
QUE MIL PALAVRAS
Foto Kevin Carter(1993)
A imagem foi registrada por Carter, em 1993, enquanto cobria a fome na África. A criança sudanesa, caida no chão, vítima de grave subnutrição, mal tinha forças para se levantar e chegar ao campo de alimentação das Nações Unidas, e próximo dela, um abutre esperava pacientemente sua refeição do dia.
Publicada no New York Times, lhe rendeu o Prêmio Pulitzer em 1994, mas cobraria alto preço daquele momento em diante, enquanto muitos, inclusive outros fotógrafos, o criticavam, comparando Carter ao abutre da imagem, ambos se "alimentando" do sofrimento de uma criança.
Segundo Carter, após conseguir a memorável foto, o abutre foi afastado e a criança seguiu cambaleante seu caminho, mas ainda assim, não apenas esta foto, mas todas as outras capturadas pelas lentes de sua máquina o perseguiam.
A fome, a miséria, e a lenta agonia do povo africano estavam cravadas em sua retina, e Carter não pode suportar este peso por muito tempo, sendo arrastado para uma depressão profunda.
Dois meses depois de ganhar o Pulitzer, amargando fracassos em trabalhos, com problemas financeiros, sendo obrigado a enfrentar a morte em serviço de seu melhor amigo, o também fotógrafo Ken Oosterbrock, Kevin Carter se suicidou.
O Suicídio
Em 27 de julho de 1994 levou seu carro até um local da sua infância e suicidou-se utilizando uma mangueira para levar a fumaça do escape para dentro de seu carro. Ele morreu envenenado por monóxido de carbono aos 33 anos de idade. Partes da nota de suicídio de Carter dizia:
"Eu estou depressivo…sem telefone…dinheiro para o aluguel…dinheiro para o sustento das crianças…dinheiro para as dividas… dinheiro! Eu estou sendo perseguido pela viva memória de matanças, cadáveres, cólera e dor… pelas crianças famintas ou feridas… pelos homens loucos com o dedo no gatilho, mesmo policiais, executivos, assassinos…"
As imagens que perseguiram Carter até seus últimos momentos não são coisa do passado, pelo contrário, a fome, a seca e as guerras civis são realidades assustadoramente presentes no continente africano, e ao contrário de Carter, o mundo segue seu rumo, quase que indiferente.
Andamos a falar sobre visitar as estrelas distantes, mas centenas de milhares morrem de fome bem aqui, no nosso pequeno planeta azul.
Estamos mesmo evoluindo?
Por que sobra comida no prato? É porque colocamos de acordo com a nossa fome ou olho grande?
Por que estragamos tanta comida? Por que reclamamos tanto? Pelo o que reclamamos?
Estas e outras perguntas só nos faz pensar.
Somos o que comemos.
Crônica: Marcos Felix (ACS-Recife-PE)
E-mail: marcosfelixacsrecife@gmail.com
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