A depressão grave revela-se um problema de saúde pública
em todos os países do mundo e estabelece ligações fortes
com as condições sociais na grande maioria dos países.
Essa é conclusão do relatório de 2011 sobre a depressão, feito pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 18 países com rendimentos elevados e baixos, incluindo o Brasil. O estudo foi coordenado pelo sociólogo Ronald Kessler, da Universidade Harvard, nos Estados Unidos. Segundo o relatório, aproximadamente 14,6% da população dos países com rendimentos elevados já teve depressão. Entre o grupo de rendimentos baixos e médios, 11,1% das pessoas apresentaram o transtorno em algum momento da vida.
Mais de 350 milhões de pessoas sofrem de depressão no mundo, diz OMS. Os números são impressionantes. Os fatores que contribuem para as pessoas sofrerem deste problema serão certamente inúmeros, pelo que importa muito mais entender o que pode ser feito para superar a depressão, do que propriamente “preocuparmo-nos” sobre as suas causas.
EQUÍVOCOS ACERCA DA DEPRESSÃO
Um equívoco muito comum sobre a depressão é que é algo que as pessoas podem simplesmente “sair dessa”. Infelizmente, para aquelas pessoas que sofrem de depressão maior, não é tão simples assim. Embora a depressão seja um problema grave, está longe de ser impossível de superar. Existem tratamentos e ações efetivas que as pessoas podem realizar para superar este transtorno de humor. Há certas verdades sobre a depressão que importa esclarecer, para que possamos mais eficazmente enfrentar este transtorno debilitante, que muitas vezes se estende por gerações.
Devido ao estigma que implica este transtorno, muitos das pessoas afetadas não admitem que estão deprimidas. Além disso, muitas das vezes a depressão está mal diagnosticada. Ou seja, a pessoa tem outros problemas ou transtornos que não a depressão. A primeira etapa do tratamento consiste em identificar os sintomas da depressão e procurar ajuda especializada. Esta, por vezes nem sempre surte o efeito desejado. Por este motivo a pessoa não deve desistir de procurar um modelo de tratamento que seja eficaz.
A grande maioria dos tratamentos são do tipo psicossocial e farmacológico. Para esclarecimento acerca do tratamentos com medicamentos, leia: Depressão, pílulas da felicidade ou aprendizagens úteis? Por outro lado, a participação ativa das pessoas deprimidas e dos seus parentes no tratamento é essencial.
Existem tratamentos muito eficazes para a depressão, como o que apresento no meu livro: Diga Não À Depressão – Programa inovador para superar a depressão. Infelizmente, menos de metade das pessoas deprimidas recebem os cuidados de que necessitam. Esta cifra é, inclusive, inferior a 10% em muitos países.
A DEPRESSÃO NÃO É APENAS HUMOR DIMINUÍDO
É importante para os amigos e ente queridos da pessoa que enfrenta o problema da depressão, entenderem que as pessoas que sofrem de depressão não podem simplesmente sentir-se melhor por ação da sua vontade. As pessoas que estão afetadas com a depressão precisam realmente de tratamento profissional, ou de aderirem a um programa de tratamento devidamente estruturado para o efeito. A depressão é um transtorno que afeta gravemente todas as áreas de vida da pessoa, e deve ser tratado com a mesma autocompaixão e urgência de procura de ajuda como faria para qualquer doença grave. Diferentes formas de terapia e/ou medicamentos funcionam para pessoas diferentes.
De acordo com a Associação Americana de Psicologia (APA), a psicoterapia pode beneficiar as pessoas deprimidas, ajudando-as a descobrir os problemas da vida que contribuem para a sua depressão, identificar o pensamento destrutivo que as faz sentir sem esperança, explorar os comportamentos que agravam a depressão e recuperar um sentido de prazer nas suas vidas.
A ATENÇÃO PLENA (MINDFULNESS) AJUDA A SUPERAR A DEPRESSÃO
Há um elevado número de estudos científicos que têm mostrado a eficácia da prática da Atenção Plena (mindfulness) para lidar com a depressão. Uma pesquisa feita pelo psicólogo Mark Williams, co-autor do livro: The Mindful Way Through Depression, mostrou que a Terapia Cognitiva com Base na Mindfulness (MBCT) pode ter um efeito positivo na prevenção da recaída em pacientes deprimidos recuperados. A sua pesquisa indica que ensinarmos habilidades baseadas na atenção plena (mindfulness), tais como exercícios respiratórios e exercícios de redirecionamento da atenção para os sentimentos e sensações corporais, isso reduz as chances de voltar a ter um episódio depressivo.
A prática da Atenção Plena (mindfulness) não muda os nossos sentimentos e pensamentos, mas permite mudar a relação com os nossos sentimentos e pensamentos. Isso permite que uma pessoa que tem uma tendência para a depressão não seja arrastada e consumida pelos pensamentos e sentimentos que contribuem para a sua depressão. A prática da mindfulness pode ainda beneficiar as pessoas que pretendem superar a depressão, ajudando-as a ser mais capazes de regular e tolerar as suas emoções angustiantes.
MUITAS VEZES, A RAIVA É UMA EMOÇÃO QUE ESTÁ POR TRÁS DA DEPRESSÃO
A raiva pode ser uma emoção difícil de lidar, mas na verdade é uma reação humana natural à frustração. As pessoas com depressão podem desenvolver ressentimento sobre o mundo em geral, com se culpabilizassem a tudo e a todos pelo estado em que se encontram. Importa aceitar essa emoção, entender que é um reflexo à angustia e falta de controle sobre o transtorno que se enfrenta. É importante dar a liberdade a si mesmo para sentir os seus sentimentos na totalidade, mas, ao mesmo tempo, esforçar-se para regular as emoções negativas de forma a não agir sobre o seu efeito ao ponto de fazer algo que lhe seja prejudicial. Você pode reconhecer e aceitar a sua raiva de uma maneira saudável, de forma a libertar a emoção, não permitindo que isso se torne num motivo para agir contra si mesmo ou contra os outros.
DEPRESSÃO É ALIMENTADA PELA VOZ INTERNA AUTOCRÍTICA
Todos nós temos uma voz interior crítica. Para as pessoas que estão deprimidas, essa voz interior autocrítica pode ter uma influência poderosa e destrutiva sobre o seu estado de espírito. Alguns comentários que a pessoa faz acerca dela mesma, podem alimentar ideias distorcidas. Alguns exemplos: “Estou gordo demais para sair de casa. Sou tão estúpido. Nunca ninguém vai amar-me. Nunca irei ser capaz de ser feliz. Nunca irei ter sucesso na vida.”
voz interior crítica pode, em seguida, persuadi-lo a agir de formas destrutivas. Algumas frases ecoam na cabeça, por exemplo: “Fica sozinho, ninguém quer ver-te. Come mais um outro pedaço de bolo. Nem vou fazer esforço para trabalhar, nunca irei conseguir sair disto.” Em seguida, uma vez que você já ouviu a suas diretrizes, a voz interior autocrítica irá atacá-lo por suas ações: “Sou um perdedor, como posso ficar em casa sozinho ao sábado. Sou uma vergonha. O que se passa comigo? Nunca irei conseguir um emprego decente. Sou tão preguiçoso.”
Para se superar a depressão importa saber acalmar este inimigo interno. Isso pode envolver olhar para alguns acontecimentos do passado para ajudar a determinar onde esses pensamentos críticos se iniciaram. Como é que estes pensamentos afetam as ações que você toma na sua vida? Como você pode desafiar essas “vozes” de forma a substituí-las por outras que possam favorecê-lo?
AÇÕES EFETIVAS QUE VOCÊ PODE REALIZAR PARA ALIVIAR A DEPRESSÃO
Um dos piores sintomas da depressão é o sentimento de desesperança. Quando a pessoa se sente desesperançada tende a paralisar a sua vida, inibindo-se de tomar medidas que a ajudaria a melhorar o seu estado deprimido. Apresento algumas formas efetivas para aliviar os sintomas da depressão:
Reconhecer e desafiar a sua voz interior crítica
Identificar e acalmar a sua raiva
Envolver-se em exercícios físicos e atividades aeróbicas
Participar em situações sociais
Fazer atividades que você apreciava antes de estar deprimido
Assistir a um filme de comédia
Não punir a si mesmo por sentir-se mal
Procurar ajuda profissional
Para as pessoas que estão sofrendo com a depressão, é importante ter compaixão por si mesmo e tomar medidas para superar este estado, incluindo a busca de ajuda. Lembre-se que não importa o que sua voz interior crítica pode estar dizendo, a situação pode ser resolvida e você voltar a sentir-se bem. Existe ajuda disponível e muitas maneiras ativas para tratar a sua condição.
A autoestima surge da autoimagem positiva que temos de nós, é algo que de forma pro-ativa construímos. A autoestima e autoconfiança não se constrói na passividade, nem quando pensamos que vem dos acontecimentos exteriores, ambas desenvolvem-se no mundo real. O que se pretende é uma construção sólida, e isto só é possível a partir do seu interior e da sua vontade para melhorar a si mesmo.
Para construir a sua autoestima e uma forte autoconfinaça, você deve estabelecer-se como o mestre da sua própria vida. Cada minuto da sua vida é um momento que pode utilizar para fazer coisas para se melhorar. Você será tanto mais eficaz a concretizar o seu desejo, quando mais certeza tiver nos passos a dar e acerca das “coisas” que funcionam. Esta é uma ótima oportunidade de ter acesso a informação simples e prática que lhe fornecerá aquilo que provavelmente lhe tem faltado. Você irá ter acesso a conteúdos que irão torná-lo na pessoa confiante e valorizada que tanto deseja ser.
Fonte: Escola de Psicologia
Fotos: Arq.Felixfilmes
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