sábado, 10 de agosto de 2013

Consciência

O requisito para mudar
os comportamentos


         Desde o primeiro dia das nossas vidas a mudança é uma constante. A pergunta crucial não é se vamos mudar, mas sim como vamos mudar. Como vamos implementar mudanças em nós mesmos ou na nossa vida de forma intencional e de acordo com os nossos objetivos? Afirmo perentoriamente que a forma mais eficaz é usando a consciência. Tendo a consciência como autoridade máxima, podemos tomar o controle das nossas vidas e usarmos a nossa excelente capacidade de adaptação. Quando observamos a nós mesmos, quando entendemos os nossos padrões comportamentais e de raciocínio, quando conhecemos a forma como expressamos as nossas emoções, e porque as expressamos, ficamos cientes da nossa experiência interna e, por ação consciente conseguimos mais facilmente construir respostas e cursos de ação que nos sirvam.

OS DOMÍNIOS DA CONSCIÊNCIA

       De acordo com a wikipedia.org a consciência é o estado ou a capacidade de perceber, sentir, ou estar consciente de eventos, objetos ou padrões sensoriais. Neste nível de consciência, dados sensoriais podem ser confirmados por um observador, sem que isso implique necessariamente compreensão. Mais amplamente, é o estado ou qualidade de ser consciente de algo.

       É ao estado mais amplo de consciência que me irei referir durante o artigo. A nossa liberdade de escolha reside no intervalo que existe entre o estímulo e a resposta. Nesse precioso intervalo a ação da nossa consciência permite exercermos o poder daquilo a que chamamos liberdade de escolha. Se essa escolha estiver alinhada com os nossos valores mais elevados e enquadrados com os nossos objetivos de momento, estaremos agindo em consciência por ação consciente. Sim, porque podemos agir subconscientemente por ação consciente (reação automática). Aquilo a que podemos chamar de estado consciente pode ser considerado tudo o que fazemos desde o momento que acordamos (isto para pessoas mentalmente saudáveis). No entanto, no estado de vigília (acordados) nem sempre permitimos, ou conseguimos que a nossa consciência atue ou tome as rédeas do nosso processamento mental relativamente ao que estamos a viver em determinado momento. Quando dizemos que agimos sem pensar, quer dizer que os nossos comportamentos foram acionados de forma automática (previamente aprendidos) sem a intervenção consciente do nosso raciocínio. É usualmente nesses momentos que fazemos e dizemos coisas que mais tarde nos arrependemos de termos feito ou falado.

       Dica: Se pretendemos mudar algo em nós, um dos ingredientes mais importantes para o sucesso é a consciência. A consciência é uma ferramenta incrivelmente poderosa para nos ajudar a mudar para melhor.


        Existem três grandes domínios da consciência humana. O primeiro domínio é um nível de consciência que nós compartilhamos com outros animais e é chamado de consciência experiencial (que também é chamado de sensibilidade). Esta é composta das sensações não verbais, perceções, impulsos, e estados emocionais que guiam as ações. O segundo domínio é a autoconsciência, e é aí que reside o autoconhecimento explícito. Neste domínio é o narrador internalizado que desenvolve significado nas coisas e constrói “teorias” sobre o mundo, acerca das outras pessoas e de si mesmo. O terceiro domínio da consciência é o Eu público, que refere-se ao que nós explicitamente dizemos às outras pessoas e a imagem que tentamos projetar.


DOMÍNIO DAS AÇÕES

     Muitos de nós, em determinadas situações perdemos o controle das nossas ações. Certamente por influências das emoções que disparam no nosso organismo e dos pensamentos que nos aparecem na mente. Reagimos às situações da vida, em vez de, conscientemente elaborarmos uma resposta que seja assertiva e nos sirva.

    Ao longo dos anos, fui ficando familiarizado com o conceito de meditação e mindfulness. Sempre me esforcei para conseguir aplicar o conceito no meu dia a dia, mas nem sempre fui bem sucedido. Essa dificuldade vinha da confusão gerada na minha cabeça acerca do próprio conceito e da forma como é utilizado pelos praticantes tradicionais, que é esvaziarmos a nossa mente e sermos testemunhas dos nossos próprios pensamentos sem interferência e julgamento. Esta ideia não me parecia praticável na azáfama do dia a dia. Até que cheguei a um conceito simples: Atenção Plena, ter a noção do impacto emocional que as situações e acontecimentos têm no meu corpo, a reação que isso produz na minha mente, e o impulso gerado para verbalizar e agir, mas agir apenas quando todo esse processo é filtrado pela consciência. O resultado é agir ao invés de reagir, é responder assertivamente ao invés de simplesmente falar, é elaborar pensamentos ao invés de simplesmente pensar.


       Exemplo entre um casal, em que o marido começa a perceber o autocontrole que a sua esposa tem comparativamente a ele, e questiona-a para tentar entender como ela consegue:

Marido: Eu noto que quando tu interages com outras pessoas, inclusive comigo, embora às vezes fiques chateada por ações e palavras dos outros, tu nunca respondes em retaliação com palavras pejorativas. Eu estou estupefacto. Como consegues fazer isso? Eu mesmo, ao sentir-me magoado ou ofendido, instintivamente respondo com um comentário negativo. Será que os pensamentos negativos nunca surgem na tua cabeça?
Esposa: Não, quer dizer, de fato os pensamentos negativos entram na minha cabeça ocasionalmente. No entanto, em vez de vomitá-los para fora, faço uma pausa e reflito, pensando para mim mesma: “Se eu disser estas palavras duras, qual o impacto que elas têm sobre a outra pessoa?” Se eu pensar que as palavras irão ser realmente dolorosas para a outra pessoa, então eu simplesmente não as verbalizo.
Marido: Que aprendizagem extraordinária. Quer dizer que eu posso sentir os meus sentimentos, mas se eu parar e pensar antes de falar, eu poderei responder em consciência, antecipando as consequências das minhas atitudes. Isso certamente irá contribuir para o meu desenvolvimento e crescimento, tornando-me numa pessoa melhor.


Fotos: Arq.Felixfilmes



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