Quem está no comando da sua mente?
Foto: Arq.Felixfilmes
Podemos facilmente concordar que a nossa mente é o pináculo daquilo que somos. A nossa mente é o resultado do fantástico funcionamento do nosso cérebro. Tudo o que somos, está incrustado nas milhares de dobras da nossa massa cinzenta. Um emaranhado de milhões de neurónios que nos permitem expressar inteligência, que nos permite entender grande parte daquilo que somos, como nos mudarmos, como nos desenvolvermos e, acima de tudo, como gerir de forma autosuficiente as nossas próprias vidas. É, no entanto, no desenrolar das nossas vidas que por vezes perdemos o controle das mesmas e, com isso, prejudicamos a nossa qualidade de vida, objetivos e sonhos.
Quando a nossa mente nos prega algumas partidas, quando a forma como pensamentos e processamos a informação nos causa problemas, nos causa mal-estar, sofrimento e se apresenta como um obstáculo aos nossos objetivos, pode gerar-se a sensação que perdemos o controle. Quando a perceção de perda de controle se instala, tudo parece perder o sentido. Muitos de nós, quando sentimos que estamos a perder o controle sobre nós mesmos, ou seja, quando deixamos de estar no controle da nossa mente, tendemos a procurar formas de recuperar essa perda.Alguns exemplos incluem:
Yoga
Artes marciais
Meditação
Psicoterapia
Religião
Práticas sexuais antigas
Arte
Esportes
Música
Tornar-se monge, padre
Retiros espirituais
Claramente, as coisas nesta lista não são todos iguais, e em si mesmas, muitas não foram necessariamente concebidas para ser uma prática pessoal. No entanto, todos elas têm a capacidade de conduzir as pessoas para um objetivo semelhante: a perceção de que uma pessoa não é simplesmente os seus pensamentos, na verdade, nós somos muito mais. E, é com base nesta premissa que posso afirmar que quem está no comando da nossa mente, podemos ser nós.
SOMOS MAIS QUE O NOSSO PENSAMENTO
Quando estamos acordados, quando estamos num estado em queconscientemente processamos informação vinda do exterior e igualmente vinda de nós mesmos, o cérebro faz o seu trabalho, produzindo pensamentos. Assim como um músculo se contrai para mover o sistema esquelético, o cérebro é como um computador que executa o software (pensamentos) com base no seu hardware (organismo), que é você. E, o resultado dos nossos pensamentos, do funcionamento do nosso software, nem sempre é benéfico. Ou seja, o produto dos nossos pensamentos nem sempre leva ao nosso resultado desejado.
Portanto, a afirmação de que você não é apenas o seu pensamento, é como dizer que você não é simplesmente o seu software, você é, na verdade, o programador. A parte complicada desta analogia é que, em vez de você ser apenas um programador humano usando palavras, imagens e sentimentos para falar consigo mesmo (corpo /organismo), você é igualmente um componente (construto) dos seus pensamentos, imagens e sentimentos. Um organismo construido pelo próprio organismo. Uma mente construida pela própria mente. Então, se estamos a falar de software que pode gerenciar outros softwares, estamos realmente falando sobre o próprio sistema operativo. O Sistema operativo é você mesmo. Você é aquele que está no controle da sua mente, quando tem consciência daquilo que coloca na sua mente de forma intencional e fundamentado nos seus valores nucleares.
Porque você tem que usar os seus pensamentos para pensar acerca dos seus pensamentos, e todo esse processo parece ser você mesmo, esta linha de raciocínio pode facilmente tornar-se banal, circular, e automática. No entanto, uma outra maneira mais funcional de pensar sobre isso é a seguinte:
A reter: Assim como um computador, também nós temos “cachos” de pensamentos. Alguns são mais profundas, e mais de acordo com a nossa essência e valores, e são como o sistema operativo de um computador, enquanto outros são simplesmente uma expressão de resposta a acontecimentos de vida, como programas que vão sendo instalados e são mais vulneráveis a virús.
Muitas vezes temos pensamentos que são reações à vida e aqueles que nos rodeiam. Isto pode ser visto como o software instalado no sistema operativo. O mais importante “a nossa forma de pensar” para a maioria de nós foi instalada durante a nossa infância, quando a nossa mente (“disco rígido”) tinha mais espaço e estávamos mais permissivos a novas aprendizagens. A maioria de nós fundimo-nos a esses pensamentos e conceitos e temo-los como verdades absolutas, ao invés de vê-los como vindos de dentro de nós e passíveis de mudança.
TEMOS CAPACIDADE DE PROGRAMARMO-NOS
Algumas das práticas referidas anteriormente, têm servido como uma forma das pessoas ganharem consciência que cada um de nós possuí o seu próprio sistema operativo. Ou seja, a nossa mente, quando orientada de forma consciente e intencional por nós mesmos, permite-nos instalar e desinstalar, correr ou impedir que corra um conjunto de cachos de pensamentos (padrão mental) que temos ou queremos vir a ter.
Assim, grande parte da nossa experiência de vida é um resultado direto dos pensamentos que temos. Quando alguma coisa boa ou ruim acontece, temos pensamentos sobre isso, e esses pensamentos vão levar a sentimentos, bons, ruins ou indiferentes. Esses sentimentos podem fazer-nos agir, e essas ações vão ser boas, ruins ou indiferentes também. Uma vez que todas estas experiências de vida e ações têm origem na nossa mente, que por sua vez faz disparar determinados pensamentos, se pudessem ser alvo da nossa intervenção? Não temos que aceitar tudo o que nos aparece na mente, não temos de ser arrastados pela negatividade que por vezes os nossos pensamentos expressam? Certamente alguns padrões mentais que expressamos no nosso dia a dia prejudicam-nos, foram implementados ao longo do tempo, mas provavelmente não nos servem mais. Então o que pode ser feito, como podemos reprogramar parte dos pensamentos prejudicais em novos padrões mentais?
É aqui, que você entra em jogo através da prática pessoal de estratégias de orientação da atenção, autoverbalizações e regulação das emoções. É através do desenvolvimento e aprimoramento de falar para você mesmo, de aplicar uma voz de comando tendo na sua base os seus valores, os seus objetivos e a ideia de quem você quer ser, que poderá implementar novos padrões mentais. Estes padrões mentais permitirão desenvolver também a capacidade de você distingir entre pensamentos, sentimentos e ações por reação, dos seus pensamentos, sentimentos e ações que valoriza e pretende que o guiem no seu dia a dia.
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